Imunizante experimental pode proteger contra vírus H5N1, que preocupa autoridades
Por Simone Nascimento com G1/MAPA/Estadão
O Instituto Butantan aguarda, desde agosto de 2024, a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar testes clínicos em humanos com sua vacina contra a gripe aviária H5N1. Desenvolvido com tecnologia similar à da vacina contra a gripe sazonal, o imunizante é monovalente tipo A — específico para o vírus H5N1 — e apresentou resultados positivos em testes pré-clínicos realizados em laboratório.
A proposta é realizar um estudo em duas fases com 400 voluntários entre 18 e 50 anos, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O objetivo é avaliar a segurança da vacina e sua capacidade de induzir resposta imunológica contra o vírus que já preocupa autoridades sanitárias em todo o mundo.
A urgência da aprovação ganhou ainda mais relevância em 2025, após o Brasil registrar novos focos da doença em aves silvestres e de criação, especialmente em estados das regiões Sul e Sudeste. O Ministério da Agricultura confirmou ocorrências em propriedades de criação não industrial, levando à implementação de medidas sanitárias emergenciais, como interdições, abates sanitários e zonas de vigilância.
Mesmo sem registros de casos humanos no Brasil até o momento, o impacto já é significativo. Países como Japão, África do Sul e Argentina suspenderam temporariamente a importação de carne de frango de regiões afetadas, gerando preocupações econômicas, já que o Brasil é o maior exportador mundial do produto. O setor produtivo e o governo federal têm trabalhado em conjunto para mitigar os efeitos e garantir a rastreabilidade dos lotes exportados.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH) acompanham a evolução do vírus H5N1, que tem demonstrado capacidade de infectar também mamíferos em diferentes partes do mundo. O receio é que mutações tornem o vírus transmissível entre humanos, o que ainda não foi comprovado de forma sustentada, mas exige preparação.
O Instituto Butantan considera que uma vacina nacional poderá ser uma ferramenta estratégica caso o cenário evolua para uma emergência sanitária. “Estamos prontos para iniciar os testes assim que a Anvisa conceder o aval”, afirmou o diretor do instituto em nota oficial.
Fake news têm circulado nas redes sociais, sugerindo falsamente que já haveria casos humanos de gripe aviária no Brasil. O Ministério da Saúde desmentiu tais boatos e reforçou que nenhuma infecção em pessoas foi registrada no país até agora.
Enquanto aguarda a aprovação regulatória, o Butantan segue monitorando a situação junto a entidades internacionais e preparando sua estrutura para a produção em larga escala, caso necessário. A autorização da Anvisa poderá sair nas próximas semanas, após análise dos dados de segurança e qualidade apresentados.
A possível introdução da vacina representa não apenas um avanço científico, mas também uma resposta concreta à crescente vulnerabilidade global diante de zoonoses emergentes. O caso reforça a importância da vigilância, do combate à desinformação e do investimento contínuo na ciência pública.
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