Por Simone Nascimento
No Norte Araguaia, onde o cerrado abraça o Rio Araguaia com águas calmas e noites estreladas, uma cidade celebra suas raízes, conquistas e sonhos. Luciara, município mato-grossense de apenas 2.509 habitantes, completou neste dia 10 de maio 91 anos de fundação — um marco que exalta não apenas a passagem do tempo, mas a força de um povo que insiste em permanecer e prosperar.
Da canoa à cidade: as origens de Luciara
A história de Luciara remonta a 1934, quando Lúcio Pereira da Luz, um aventureiro goiano, liderou um grupo de desbravadores em expedições fluviais pelo Araguaia. Atraídos pela fertilidade das margens e pela abundância natural, fundaram um povoado batizado inicialmente de Mato Verde. O nome Luciara é, portanto, uma homenagem direta a esse pioneiro, cuja coragem e espírito comunitário moldaram os primeiros passos da cidade.
O progresso foi lento, mas determinado. Em 12 de julho de 1961, o então povoado foi oficialmente elevado à categoria de distrito por meio da Lei Estadual nº 1502, ainda sob a jurisdição de Barra do Garças. Dois anos depois, em 11 de novembro de 1963, a Lei Estadual nº 1940, de autoria do deputado Valdon Varjão, garantiu a emancipação político-administrativa de Luciara, consolidando sua identidade municipal.
Uma festa para celebrar o passado e o futuro
Neste mês de maio, a gestão municipal de Luciara está promovendo uma programação cultural intensa e cheia de significados para marcar os 91 anos da cidade. A abertura oficial das comemorações aconteceu na noite de sexta-feira (10), às 19h, com um culto de louvor que emocionou o público presente. Os líderes religiosos Pr. Ageu Luz e Pb. Adilson Guilherme conduziram a cerimônia, marcada por muita fé, música e uma energia positiva que aqueceu os corações.
Mas a festa estava apenas começando. No sábado, a animação tomou conta da cidade com o show nacional de Washington Brasileiro, atraindo uma multidão e fortalecendo o sentimento de pertencimento e orgulho local. A programação ainda contou com competições esportivas, como ciclismo e corrida de rua, com diversas premiações — eventos que integraram moradores de todas as idades e reforçaram o espírito comunitário da cidade.
Economia: entre a subsistência e o futuro
A base econômica de Luciara ainda repousa sobre a pecuária leiteira, a criação semi-intensiva de gado e a agricultura de subsistência. É uma economia de pequenos ciclos, marcada por safras irregulares, desafios logísticos e pouca industrialização. No entanto, nos últimos anos, o turismo vem se revelando uma alternativa promissora.
A beleza natural do Rio Araguaia, os costumes dos povos ribeirinhos e o apelo ecológico da região têm despertado o interesse de visitantes e investidores. Com o ecoturismo ganhando espaço, Luciara começa a diversificar suas possibilidades econômicas sem abandonar suas raízes produtivas.
Cultura, tradição e o espírito de comunidade
Além da geografia encantadora, o que torna Luciara única é o tecido humano que a sustenta. Em cada canto da cidade, há uma história, uma memória, um elo com o passado. Seja nas festas religiosas, nos rituais das comunidades tradicionais ou na solidariedade que une vizinhos, o espírito de coletividade permanece vivo.
Nos últimos anos, o município também tem lutado por maior visibilidade no cenário estadual, com movimentos como o “100% Norte Araguaia”, que pleiteiam mais investimentos em infraestrutura, educação e saúde. É uma luta por equidade, por justiça territorial e pelo reconhecimento de um povo que, mesmo distante dos centros de poder, segue firme no propósito de se desenvolver.
91 anos de resistência e esperança
Com quase um século de história, Luciara não é apenas um ponto no mapa de Mato Grosso — é símbolo de resistência. Cresce com o suor de seus moradores e pulsa forte no coração de quem nasceu aqui ou escolheu este solo como lar. Hoje, mais do que nunca, celebrar Luciara é reconhecer sua gente, sua trajetória e seu potencial.
A festa de 91 anos é, acima de tudo, um convite à reflexão: que cidade queremos construir para os próximos 91?
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Simone Nascimento
Editora-Chefe | GN Comunicação e Notícias
“Notícia boa é a que faz pensar. Notícia melhor é a que ninguém esperava.”
