Três homens são resgatados após tortura em Luciara. Polícia Civil atua em conflito possessório com apoio de diversas forças de segurança.
Por Simone Nascimento
Na manhã da última segunda-feira (14), a Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou a Operação Ager-Arius, com o objetivo de combater crimes cometidos durante um conflito possessório na zona rural de Luciara, município localizado na região do Araguaia Xingu. A ação foi desencadeada após o sequestro e a tortura de três pessoas ligadas à ocupação de uma fazenda envolvida em disputa judicial pela posse da terra.
Segundo o delegado regional do Araguaia Xingu, Bruno Gomes, o caso teve início no domingo (13), por volta das 11h, quando a Polícia Civil foi informada de que André, identificado como um dos posseiros da propriedade, havia sido sequestrado e torturado por um grupo de aproximadamente dez homens armados.
Outros dois funcionários da mesma fazenda também foram vítimas. Eles foram agredidos, torturados e retirados da área à força, sem respaldo judicial. A propriedade já era objeto de uma ação judicial de posse, e os conflitos entre as partes vinham sendo discutidos nos tribunais.
Durante sua fala, o delegado optou por não divulgar os nomes dos demais envolvidos — tanto das demais vítimas quanto dos suspeitos — com o objetivo de preservar a investigação e a integridade das pessoas citadas. Apenas o nome de André foi mencionado publicamente, por ser a primeira vítima relatada no início da operação.
“Essas duas partes adversas já estavam em conflito judicial. Contudo, mediante o uso da força, uma delas retirou à força os indivíduos da área”, explicou o delegado.
Diante da gravidade da situação e da denúncia de desaparecimento das vítimas, a Polícia Civil mobilizou equipes da Delegacia Regional, com o apoio da Diretoria da Polícia Judiciária Civil do Interior, da Secretaria de Segurança Pública, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Politec e outros órgãos operacionais.
Na manhã de segunda-feira (14), por volta das 9h, a polícia recebeu informações sobre o possível paradeiro dos três homens. Após diligências na mata da região, eles foram localizados e resgatados com diversas lesões corporais, após passarem dois dias em fuga pela vegetação, tentando escapar dos agressores. Em seguida, foram levados para a cidade de Confresa, onde passaram por exames periciais e receberam atendimento médico.
“As vítimas estavam bastante lesionadas. Foram conduzidas com segurança e agora serão ouvidas formalmente”, explicou o delegado.
A operação tem como foco a repressão a atos de violência praticados durante litígios possessórios, e não o mérito da disputa fundiária, que segue tramitando na Justiça. A Polícia Civil afirmou que os autores dos crimes estão sendo identificados e, ao final da apuração, serão responsabilizados criminalmente.
Segundo o delegado Bruno Gomes, a Polícia Civil não tolera atos de justiça com as próprias mãos e reforça que a operação Ager-Arius demonstra o compromisso do Estado em manter a ordem e a legalidade em áreas marcadas por conflitos fundiários.
A operação — cujo nome faz alusão à terra (“ager”, em latim) e à imposição arbitrária (“Arius”) — representa mais uma resposta do Estado à crescente tensão em áreas rurais de Mato Grosso, onde disputas por terra muitas vezes ultrapassam os limites legais e evoluem para confrontos violentos.
A Polícia Civil enfatizou que as vítimas estão sob proteção legal, e que todas as medidas necessárias serão adotadas para a garantia de seus direitos e segurança. As investigações seguem em andamento, com diligências sendo realizadas para esclarecer todos os detalhes do caso.
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