O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, anunciou que irá a Brasília na próxima semana para viabilizar as licenças necessárias para o asfaltamento de um trecho da rodovia MT-322, que atravessa áreas indígenas, incluindo o Parque Indígena do Xingu e a Terra Indígena Marãiwatsédé. A iniciativa atende a um pedido do cacique Raoni Metuktire, uma das mais proeminentes lideranças indígenas do país.
Durante reunião realizada nesta segunda-feira (20), que contou com a presença de lideranças indígenas, prefeitos e deputados da região, o cacique Raoni expressou a urgência da obra, destacando que a estrada em questão encontra-se em condições precárias, afetando tanto indígenas quanto não indígenas que dependem da via para deslocamento. “Essa obra não é para mim, e não é para o governador. É para todos nós. Todos querem o asfalto ali dentro. Os indígenas, os caminhoneiros, as pessoas que usam essa estrada. Estamos aqui para dialogar e, se precisar ir até o Lula, nós vamos. Queremos esse asfalto”, afirmou Raoni.
O governador Mauro Mendes ressaltou que, embora os recursos para a pavimentação já estejam assegurados, a execução da obra depende de autorizações de órgãos federais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), devido à localização da rodovia em áreas sensíveis. “Nós combinamos aqui duas coisas: primeiro que na próxima semana vamos nos reunir com o presidente do Ibama e da Funai para que eles autorizem o Governo de Mato Grosso a entrar dentro da reserva e fazer a manutenção dessa estrada. Número dois: vamos pedir uma delegação de competência para a Sinfra, que é a Secretaria de Infraestrutura, e a SEMA, órgão ambiental de Mato Grosso, para fazer o projeto para asfaltar”, explicou Mendes.
A pavimentação da MT-322 é considerada estratégica, pois a rodovia liga a região Norte de Mato Grosso ao Araguaia, facilitando o escoamento da produção agrícola e melhorando a mobilidade dos moradores locais. Além disso, a melhoria da infraestrutura viária é vista como uma forma de promover o desenvolvimento econômico sustentável na região, respeitando as particularidades culturais e ambientais das comunidades indígenas envolvidas.
A comitiva que acompanhará o governador a Brasília incluirá representantes das etnias do Xingu e autoridades locais, com o objetivo de dialogar diretamente com os órgãos federais competentes e acelerar o processo de obtenção das licenças necessárias. “Queremos a autorização para fazer o projeto e começar o processo de licenciamento, de acordo com todas as normas ambientais e legais dentro do Brasil. Na próxima semana eu vou à Brasília, junto com dois ou três representantes das etnias do Xingu, e mais algumas autoridades. Nós vamos conversar para dar encaminhamento prático e uma solução definitiva, para que a gente não fique todos os anos sofrendo ali com atoleiro dentro da reserva”, concluiu o governador.
A iniciativa demonstra uma colaboração entre o governo estadual e as lideranças indígenas para melhorar a qualidade de vida na região, evidenciando a importância do diálogo e do respeito mútuo na implementação de projetos de infraestrutura que impactam diretamente as comunidades locais.
Por Simone Nascimento com Estadão Mato Grosso
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