Alunos do SENAC levam hortas medicinais e educação à comunidade local
Projeto do curso técnico em enfermagem integra práticas sustentáveis e fitoterapia popular para aproximar ciência e tradição na promoção da saúde
Por Simone Nascimento
Vila Rica (MT) — Uma ação que brota do cuidado, da sustentabilidade e da valorização da cultura popular: assim se define o projeto Farmácia Verde – Educação em Saúde e Resgate de Saberes Tradicionais, realizado por alunos do curso técnico em enfermagem do SENAC Vila Rica. No último sábado (3), os estudantes finalizaram a iniciativa com a entrega de hortas medicinais no bairro Tiradentes, unindo conhecimento técnico, diálogo comunitário e responsabilidade socioambiental.
O projeto integra uma unidade curricular prática que exige uma intervenção direta na comunidade. Segundo a coordenadora técnica dos cursos de saúde e beleza do SENAC no Vale do Araguaia, Viviane Fernandes, a proposta surgiu como resposta a essa exigência pedagógica com foco social.
“Estamos executando o projeto Medicina Verde que os alunos do curso técnico de enfermagem de Vila Rica realizaram. Esse projeto faz parte da unidade curricular do curso, onde eles precisam desenvolver uma ação voltada para a comunidade. E sendo assim, eles executaram essa ação voltada para a medicina com plantas que a pessoa pode ter no próprio quintal, com um guia prático ensinando o uso dessas plantas no contexto da promoção da saúde da comunidade de Vila Rica”, explicou.


Formação ética e comprometida com o território
O projeto é coordenado pelo professor Michael Jonny Sousa Lopes, enfermeiro especializado em dermatologia, saúde pública, vigilância sanitária e docência, além de biomédico com formação em patologia e estética. Para ele, a ação proporcionou uma formação completa e humanizada:
“Foi uma experiência que aliou conhecimento técnico, sensibilidade social e protagonismo estudantil. Os alunos puderam vivenciar na prática o cuidado integral, ouvindo, orientando e atuando de forma ativa no território onde vivem.”
Diálogo com a comunidade e saberes do quintal
A ação no bairro Tiradentes foi marcada pelo contato direto entre estudantes e moradores. Para a aluna Amanda Pinnow, a experiência foi transformadora:
“Tá sendo uma coisa nova pra mim, mas eu tô gostando bastante. As pessoas estão recepcionando a gente muito bem”, contou.
“O aprendizado que ficou pra mim é que o que a gente puder fazer pra ajudar o próximo, quanto mais a gente puder fazer, melhor.”


Já o estudante Kauã Andrade destacou a satisfação em compartilhar algo útil com a comunidade:
“Estamos aqui hoje apresentando nosso projeto integrador. Estamos muito animados, proporcionando para os moradores da nossa comunidade plantinhas medicinais que eles podem usar em casa para fazer seus chás e remédios. É algo simples, mas que ajuda com diversos problemas e torna o cuidado mais acessível.”


A estudante Victoria Inácio destacou a importância do material:
“Junto com as nossas mudinhas estamos entregando um guia prático, onde a pessoa tem receitas para utilizar essas plantas em casa, de forma meditativa.”


Resgate de práticas culturais e autonomia no cuidado
A iniciativa também ressoou entre os moradores, que relembraram práticas antigas muitas vezes substituídas pela busca imediata por medicamentos industrializados.
Durante a ação, Viviane conversou com José Mariotti, morador da região, que falou sobre a importância de resgatar esse tipo de cuidado:
“Antigamente o povo não procurava tanta farmácia, procurava mais o que tinha no fundo do quintal. Eu acho que isso tem que voltar mesmo”, comentou.
“Pra fazer o xarope, o remedinho… Os alunos do técnico em enfermagem vieram com esse projeto de uma forma muito bonita, plantaram, cultivaram e hoje estão aqui entregando para a comunidade.” – completou Viviane.







Educação, Sustentabilidade e Cuidado
A primeira fase do projeto envolveu a confecção das hortas em recipientes reutilizáveis. Galões plásticos, higienizados e adaptados, tornaram-se vasos para mudas de plantas medicinais criteriosamente selecionadas, como hortelã, boldo, alecrim, entre outras de uso popular. A escolha dos materiais reforça o compromisso ambiental do SENAC, em consonância com sua Política de Sustentabilidade, que orienta práticas pedagógicas voltadas à ética socioambiental e ao uso consciente de recursos naturais.
Cada horta foi cuidadosamente montada e acompanhada ao longo dos meses pelos alunos, que aprenderam sobre o ciclo de vida vegetal, os modos de preparo e os efeitos terapêuticos das plantas. Esse processo formativo prático permitiu a consolidação de conhecimentos técnicos aliados a uma vivência de cuidado, sensibilidade e empatia — pilares fundamentais na formação em saúde.
Identidade Visual e Produção de Conteúdo Informativo
Outro destaque do projeto foi a criação de uma identidade visual própria. A logomarca do Farmácia Verde, elaborada pelos próprios estudantes, acompanhou cada unidade entregue à comunidade, fortalecendo o sentimento de pertencimento e organização.
Juntamente com as hortas, os moradores receberam um panfleto educativo com informações detalhadas sobre as plantas medicinais cultivadas. O material abordava não apenas os benefícios terapêuticos, mas também curiosidades históricas e culturais, instruções sobre formas de preparo (como infusões e compressas), contraindicações e um canal de contato direto com a equipe do projeto. O conteúdo foi baseado em fontes reconhecidas da área de fitoterapia, assegurando embasamento técnico e segurança no uso.
Extensão Humanizada e Escuta Ativa
A etapa final do projeto foi marcada pela entrega das hortas diretamente nas residências da comunidade de Tiradentes, proporcionando um encontro genuíno entre os alunos e os moradores. Mais do que entregar um produto, os estudantes realizaram orientações educativas, ouviram histórias e compartilharam experiências em um exercício real de escuta ativa e valorização da cultura local.
Esse momento de extensão humanizada foi apontado como um dos mais significativos do projeto, por proporcionar uma vivência fora da sala de aula, conectando o aprendizado técnico com a realidade social e cultural da região.
Resultados e Impacto Social
Os resultados do projeto vão além dos números. Embora dezenas de hortas tenham sido produzidas e distribuídas, o impacto mais profundo foi o fortalecimento da autonomia comunitária e o reconhecimento da riqueza dos saberes tradicionais. Famílias relataram satisfação, surpresa e gratidão ao receberem as hortas e as orientações, muitas vezes reconhecendo nas plantas lembranças de cuidados antigos ensinados por avós ou curandeiras locais.
O projeto também contribuiu para o empoderamento dos alunos, que passaram a compreender de maneira mais ampla o papel do profissional de enfermagem na promoção da saúde integral — não apenas por meio de medicamentos, mas também pelo conhecimento, escuta e cuidado preventivo.
Considerações Finais
O Farmácia Verde consolidou-se como uma experiência pedagógica transformadora, unindo teoria e prática de forma sensível e efetiva. Sob a coordenação do professor Michel e orientação técnica de Viviane Fernandes, os alunos do curso técnico em enfermagem do SENAC Vila Rica mostraram que é possível aliar ciência e tradição, inovação e memória, sustentabilidade e saúde coletiva.
A ação reafirma o compromisso institucional do SENAC com a formação de profissionais críticos, éticos e preparados para responder aos desafios sociais e ambientais contemporâneos. Ao resgatar práticas ancestrais e fomentar a educação em saúde, o projeto lança sementes de mudança e cuidado — no solo, nas casas e nas consciências.
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