Região do Araguaia estuda arroz irrigado após visita técnica a Lagoa da Confusão (TO)
Por Simone Nascimento com Notícias dos Municípios
Durante o feriado do Dia do Trabalhador (1º de maio), uma comitiva formada por prefeitos e representantes dos municípios de Luciara (Parassu de Freitas – MDB), São Félix do Araguaia (Acácio Alves – PSD), Serra Nova Dourada (Elson Mará – PSB) e Novo Santo Antônio visitou o município de Lagoa da Confusão, no Tocantins, para conhecer de perto um modelo de lavoura irrigada de arroz que se tornou referência nacional em produtividade e uso eficiente da água.
Também participou da visita o técnico agrícola Avelino, reconhecido por sua atuação técnica e seu comprometimento com o desenvolvimento regional do Araguaia mato-grossense.

A agenda técnica foi voltada ao intercâmbio de experiências e análise de modelos viáveis para a implantação de projetos semelhantes no Araguaia mato-grossense. Os visitantes foram recebidos por representantes da Associação dos Produtores Rurais do Sudoeste do Tocantins (Aproest) e da empresa Afla Investimentos, responsáveis por parte da gestão do polo agrícola.
Segundo os participantes, a visita representou uma oportunidade de conhecer, na prática, um sistema produtivo que alia alta produtividade à gestão racional de recursos hídricos, característica considerada essencial para a realidade climática e territorial do Araguaia.



Potencial climático e hídrico favorecem adaptação do modelo
A região do Araguaia apresenta condições naturais propícias ao cultivo de arroz irrigado. De acordo com estudos da Embrapa Cerrados, o clima tropical com duas estações bem definidas — uma chuvosa e outra seca — é ideal para o cultivo da espécie, especialmente quando se adota a irrigação como instrumento de estabilidade produtiva.
A precipitação média anual na região varia de 1.800 a 2.200 mm, concentrada entre outubro e abril. Já a estação seca, entre maio e setembro, favorece a adoção de irrigação complementar, estratégia que proporciona segurança ao agricultor, mesmo em períodos de estiagem prolongada. Além disso, a disponibilidade de água nas bacias dos rios Araguaia e seus afluentes, aliada à topografia favorável em algumas áreas, reforça a viabilidade do projeto, desde que acompanhada de planejamento ambiental e técnico adequado.
Aspectos econômicos e sociais do modelo irrigado
Implantar lavouras irrigadas exige investimento inicial elevado, especialmente em infraestrutura como canais, bombas, pivôs e sistemas de controle. Entretanto, a lavoura de arroz irrigado tende a apresentar produtividade significativamente maior do que o cultivo sequeiro, compensando o investimento com ganho em escala, segurança alimentar e geração de empregos.
Durante a visita, os representantes dos municípios destacaram que a principal motivação é criar alternativas produtivas para a economia local, ainda muito dependente da pecuária extensiva. A diversificação por meio de lavouras irrigadas pode impulsionar a produção de grãos e outros cultivos, além de atrair investimentos públicos e privados.
Sustentabilidade e inovação como eixos do desenvolvimento
O polo agrícola de Lagoa da Confusão, que engloba também os municípios de Formoso do Araguaia, Dueré, Santa Rita, Cristalândia, Pium e Sandolândia, tornou-se referência nacional por reunir inovação tecnológica, compromisso ambiental e gestão compartilhada entre produtores, entidades e poder público. A presença de culturas diversificadas, como arroz, açaí e soja fora de época, mostra a adaptabilidade do sistema a diferentes realidades produtivas.
A premissa básica dos Polos de Agricultura Irrigada, programa federal vinculado ao MIDR (Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional), é justamente fomentar esse tipo de articulação entre municípios e produtores, com suporte técnico e político para ampliar a produção sustentável nas regiões brasileiras com potencial hídrico.
Informações técnicas e caminhos para a viabilização
A bacia do Araguaia-Tocantins, onde se situam os municípios mato-grossenses que participaram da visita técnica, apresenta disponibilidade hídrica considerada favorável à agricultura irrigada. De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), a região dispõe de vazões suficientes para projetos de pequeno e médio porte, desde que acompanhados de outorga de uso e licenciamento ambiental.
Para implantação do modelo de arroz irrigado, os municípios deverão seguir algumas etapas técnicas e legais:
- Outorga de uso da água (ANA ou SEMA-MT, conforme o caso);
- Licenciamento ambiental e estudos de impacto (EIA/RIMA, EVTA);
- Análise de solo e topografia das áreas produtivas;
- Elaboração de projeto técnico de irrigação com definição de método (pivô central, sulco, aspersão etc.);
- Adesão ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) em conformidade com a legislação vigente.
Além disso, os municípios e produtores poderão acessar linhas de financiamento específicas para irrigação e infraestrutura agrícola, como:
- FCO Rural (Fundo Constitucional do Centro-Oeste);
- Pronaf Mais Alimentos (agricultura familiar);
- Moderinfra (inovação e irrigação, via Banco do Brasil);
- BNDES Crédito Rural;
- Convênios intermunicipais com apoio do MIDR e do Governo do Estado.
Estudos da Embrapa apontam que o arroz irrigado pode alcançar produtividade superior a 8 t/ha em sistemas bem manejados. O retorno econômico compensa o custo inicial, especialmente quando inserido em cadeias produtivas organizadas ou programas públicos de compra.
Com base nessas informações, os municípios do Araguaia se preparam para dar os próximos passos, que incluem o mapeamento técnico das áreas e a estruturação de consórcios ou parcerias regionais para captação de recursos e capacitação de produtores.
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