No município de Sorriso, em Mato Grosso, um escândalo envolvendo o sistema educacional veio à tona e deixou a comunidade em choque. Na tarde de segunda-feira (17), um professor de uma escola estadual foi preso em flagrante pela Polícia Civil, sob acusações gravíssimas: integrar uma facção criminosa e aliciar alunos para o crime organizado.
A prisão foi resultado de uma investigação conduzida pela Delegacia de Sorriso, como parte da Operação Inter Partes, dentro do Programa Tolerância Zero do Governo do Estado, que visa combater a atuação de facções criminosas em Mato Grosso.
Acusações graves: professor, facção e tortura
De acordo com as investigações, o docente é suspeito de envolvimento direto com uma organização criminosa e de usar sua posição dentro da escola para cooptar alunos. Além de aliciá-los para integrar a facção, ele teria ordenado a aplicação de “salves” – punições violentas – contra estudantes que se recusavam a seguir as determinações do grupo criminoso.
As práticas incluíam tortura, ameaças e até sequestro. A estratégia do professor era infiltrar jovens vulneráveis no crime organizado, usando o ambiente escolar como um campo de recrutamento disfarçado.
Como funcionava o aliciamento dos alunos?
Os relatos das investigações apontam que o professor buscava alunos de 12 a 14 anos, identificando aqueles com dificuldades familiares ou financeiras. Após conquistar a confiança, ele prometia proteção, dinheiro e status dentro da organização criminosa.
Caso o estudante demonstrasse resistência, a abordagem se tornava agressiva. Os jovens eram pressionados e, em alguns casos, sofriam castigos físicos para obedecer às ordens da facção. Há registros de adolescentes que foram espancados dentro da escola por outros alunos já vinculados ao grupo criminoso.
Além disso, surgiram denúncias ainda mais preocupantes: suspeita-se que o professor assediava sexualmente alunos de 13 a 15 anos, oferecendo vantagens como notas melhores, dinheiro ou drogas em troca de favores sexuais.
Resposta das autoridades e impacto na comunidade
A Secretaria Estadual de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT) tomou medidas imediatas após a prisão, exonerando o professor do cargo e iniciando um acompanhamento psicossocial para os alunos e familiares afetados. A comunidade escolar, revoltada e amedrontada, exige reforço na segurança e uma investigação rigorosa para garantir que mais casos como esse não aconteçam.
A Polícia Civil segue apurando se há outros envolvidos dentro da escola e se o professor agiu sozinho ou com a conivência de funcionários e alunos já vinculados à facção.
Operação inter partes e o Programa Tolerância Zero
A prisão do professor faz parte da Operação Inter Partes, uma ofensiva da Polícia Civil de Mato Grosso contra facções criminosas atuantes no estado. A primeira fase da operação já cumpriu 138 mandados judiciais em 27 municípios, visando desmantelar grupos envolvidos em crimes como tráfico de drogas, homicídios e roubos.
Essa operação se insere no contexto do Programa Tolerância Zero, iniciativa do Governo do Estado para reforçar o combate ao crime organizado e impedir sua infiltração em instituições públicas.
A Escola está segura? reflexões e caminhos para o futuro
O caso escancara uma falha grave no sistema de segurança das escolas públicas e levanta o questionamento: quantos outros docentes ou funcionários podem estar ligados ao crime organizado?
A educação deve ser um espaço de proteção e crescimento para crianças e adolescentes. Porém, quando o ambiente escolar se torna um meio de recrutamento para facções, há um problema profundo que exige soluções urgentes.
O Estado, a comunidade escolar e a sociedade como um todo precisam fortalecer mecanismos de controle, denúncia e proteção para impedir que histórias como essa se repitam.
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