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Águas de Ébano – resistência, empoderamento e protagonismo das mulheres negras de Iporá

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Por Simone Nascimento

“Em teus cabelos há histórias
De batalhas e de paixão.
Cada trança é resistência,
Cada cacho é revolução.
Teu andar é liberdade,
Teu riso é pura verdade.
És espelho para o futuro,
És herança de ancestralidade.”

Com esses versos que transbordam ancestralidade e orgulho, entoou-se o primeiro acorde do curta-metragem Águas de Ébano, lançado na noite de sábado, 29 de março, na Escola Virtus, em Iporá, Goiás. Mais que uma exibição, foi um ato de afirmação coletiva — onde a memória preta feminina ganhou voz, corpo e luz de protagonismo.

Com direção e roteiro do docente Wayrone Klaiton, bem como a idealização, coautoria e gestão da professora Cleuza Rocha, o filme lança um olhar sensível e urgente sobre as histórias de mulheres negras da cidade. Produzido pela GN Comunicação e Notícias e pela plataforma Araguaia em Destaque, com o apoio do Hotel WK, Águas de Ébano não é só um curta: é um espelho.

O filme conta com a colaboração dos pesquisadores Maria Gláucia, Wildinara Karlane e José Carlos, que ajudaram a construir a narrativa com base em relatos, registros e vivências.

Cada pergunta, uma ancestral convocada

Durante o evento, a jornalista Simone Nascimento conduziu uma entrevista com a idealizadora Cleuza Rocha, revelando bastidores e intenções do curta metragem:

1. Como nasceu a ideia do curta que celebra as mulheres negras de Iporá?

“Surgiu da ausência. No projeto Prosa Aberta, sentimos a falta da mulher negra no protagonismo, e essa carência virou nossa força motora.”

2. Como foi feita a seleção das histórias e personagens?

“Escolhemos perfis que trouxessem ancestralidade, geração, ofício e feminilidade. É um retrato múltiplo.”

3. Como o filme dialoga com o Brasil de hoje?

“É uma gota preta no oceano da desigualdade racial e de gênero — mas uma gota necessária e viva.”

4. Que legado deseja deixar?

“Quero que meninas negras se vejam na tela, com orgulho de sua cor e origem.”

5. Uma frase para definir Águas de Ébano?

“É a origem preta em movimento, porque tudo começa na água, e a resistência tem cor e raiz.”

Quando o povo fala, a história se escreve

Além da entrevista principal, Cleuza Rocha também conduziu conversas com mulheres fundamentais para a narrativa do curta:

  • Sebastiana de Souza (Tiana), presidente da Associação da Comunidade Pilões, falou sobre ancestralidade quilombola e as vivências à beira dos rios Pilões e Rio Claro.

“Nossa história garimpa memórias. E elas precisam ser preservadas.”

  • Isabel de Oliveira, que aparece ao lado da filha e da neta no filme, simboliza o elo entre três gerações de mulheres negras iporaenses.
  • Dona Terídia, presença ancestral no curta, representa a sabedoria e a fé que sustentam tantas histórias de luta silenciosa.

Política pública precisa de arte — e vice-versa

O evento também abriu espaço para a discussão sobre cultura como política pública. Cleuza Rocha entrevistou:

  • Hozaná Malaquias, músico de Iporá, que destacou a importância da assessoria técnica para artistas acessarem editais e construírem projetos sólidos.

“Nosso papel é estruturar e profissionalizar a cultura local.”

  • A secretária municipal de Educação, Cultura, Desporto e Lazer, Kênia Cristina, que lamentou a devolução de R$ 41 mil da Lei Paulo Gustavo por falta de execução dentro do prazo.

“Isso pode comprometer futuras verbas. Cultura precisa de gestão, não só de aplausos.”

Um curta que promete (e cumpre) ser espelho

Na direção e roteirização do docente Wayrone Klaiton que na oportunidade de fala durante o lançamento, resumiu seu papel com humildade:

“O protagonismo é delas. Estou para ressaltar a importância.”

Na parte técnica, por trás das câmeras estiveram ainda Dr. Alfredo e Gean Nascimento, da equipe da GN Comunicação, que garantiram que a transmissão ao vivo ocorresse — mesmo com as constantes quedas de energia na cidade naquela noite.

O futuro tem voz, tem cor, tem raiz

Águas de Ébano está em fase final de montagem e será lançado em breve nas redes sociais. O curta não apenas documenta, mas provoca: que outras cidades, outras mulheres e outras histórias também sejam contadas com essa sensibilidade e coragem.

Porque cada batida de tambor é um chamado.
Cada trança, um fio de memória.
E cada mulher negra é espelho e semente.

Águas de Ébano é o grito suave, mas firme, de um povo que nunca deixou de resistir — e agora exige ser visto.

Simone Nascimento é editora-chefe da GN Comunicação e Notícias.

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