Por Simone Nascimento
Mato Grosso – O estado tem testemunhado um aumento preocupante nas atividades de facções criminosas que, além de seus delitos habituais, estão adotando a extorsão de comerciantes como uma nova fonte de renda ilícita. Esses grupos exigem pagamentos regulares dos empresários locais, sob ameaças de violência ou danos aos estabelecimentos.
Casos recentes reforçam o alerta
Em janeiro de 2025, em Paranatinga, a 411 km de Cuiabá, sete indivíduos foram presos por envolvimento em extorsão e incêndio criminoso de lojas. As investigações revelaram que os ataques foram ordenados por membros de uma facção criminosa, em retaliação a um comerciante que se recusou a pagar a “taxa de segurança” exigida. Os suspeitos chegaram a incendiar duas lojas no centro da cidade, causando prejuízos significativos.
Em agosto de 2024, um empresário de São Félix do Araguaia foi executado após negar um empréstimo a um integrante de facção criminosa, conforme noticiado pelo GN Comunicação e Notícias. O caso evidenciou a ousadia desses grupos em coagir e retaliar aqueles que não atendem às suas demandas.
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Mais recentemente, em fevereiro de 2025, uma operação policial em Várzea Grande mirou um grupo suspeito de ameaçar e extorquir comerciantes. As autoridades identificaram que a prática se espalhou também por municípios menores, antes considerados menos vulneráveis a esse tipo de crime.
Confresa: o alvo mais recente
No início desta semana, a Polícia Militar de Confresa prendeu dois jovens que tentavam extorquir um comerciante local. Os criminosos exigiram o pagamento de uma “taxa” em nome de uma facção criminosa, ameaçando o empresário com represálias caso não houvesse o pagamento. O comerciante, assustado, acionou a PM, que conseguiu localizar e deter os suspeitos.
De acordo com as investigações, a prática tem se tornado comum em cidades da região Norte Araguaia, onde o comércio vem sendo alvo de extorsões organizadas por facções que operam a partir de dentro e fora dos presídios.
Operação Tolerância Zero: um contraponto necessário
Diante desse cenário alarmante, o governo estadual implementou a Operação Tolerância Zero, com o objetivo de combater a criminalidade organizada em Mato Grosso. A operação compreende uma série de ações coordenadas, como o aumento do efetivo policial, a realização de blitzes em pontos estratégicos, operações de inteligência para desarticular lideranças criminosas e ações ostensivas em regiões de maior vulnerabilidade. Desde seu início, a Operação Tolerância Zero já resultou na prisão de dezenas de suspeitos e na apreensão de armas, drogas e valores provenientes de atividades ilícitas. As autoridades destacam que a colaboração da população, por meio de denúncias, tem sido essencial para o sucesso das ações.
Autoridades reforçam ação e pedem colaboração
A Polícia Militar e o Ministério Público Estadual (MPE) têm intensificado operações para desarticular esses grupos. No entanto, autoridades reforçam que a colaboração da população é fundamental para o sucesso das ações. “A denúncia anônima é uma ferramenta poderosa. Quando a comunidade se une, conseguimos agir com mais rapidez e eficiência”, destacou o comandante da PM em Confresa.
Análise: crescimento silencioso e desafios fututos
Especialistas apontam que a interiorização dessas práticas criminosas se dá pela busca de novas fontes de recursos e pelo enfraquecimento das forças de segurança em regiões afastadas dos grandes centros. O avanço das facções, que antes concentravam suas atividades em áreas metropolitanas, agora chega com força ao interior mato-grossense.
A sociedade, por sua vez, se vê diante de uma encruzilhada: ou fortalece seus laços comunitários e apoia as forças de segurança, ou corre o risco de ver o tecido social ser ainda mais corroído pela violência e pelo medo.
Fontes: SBT Confresa, Rádio Interativa FM 97, GN Comunicação e Notícias.
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