A possibilidade de o Ministério da Educação (MEC) proibir o uso de celulares nas escolas públicas e privadas do Brasil tem gerado apoio significativo entre educadores e especialistas. A medida, que está em fase final de elaboração e deve ser apresentada em outubro, visa combater os prejuízos causados pelo uso excessivo de telas entre crianças e adolescentes.
Recentemente, o ministro da Educação, Camilo Santana, destacou em entrevista que o uso indiscriminado de celulares compromete o aprendizado e o desempenho dos alunos, além de impactar negativamente a saúde mental dos professores.
“Nas conversas que temos com especialistas de diversas áreas, vemos vários prejuízos causados pelo excesso do uso de telas, especialmente em crianças e adolescentes”, afirmou Marina Rampazzo, orientadora educacional da Secretaria de Educação do Distrito Federal
Impactos na saúde e no comportamento
Educadores apontam que o uso excessivo de celulares tem contribuído para problemas de visão e comportamentos antissociais entre os estudantes. “Eles estão usando óculos cada vez mais cedo por conta do uso excessivo dessas telas”, comentou uma educadora2. Além disso, o uso contínuo de celulares tem sido associado ao aumento do bullying e da antissociabilidade nas escolas.
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Segundo a pesquisa TIC Educação 2023, lançada no mês passado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, 28% das escolas de Ensino Fundamental e Médio públicas e particulares do Brasil proíbem o uso de celular pelos alunos. O levantamento mostrou também que 64% das instituições permitem, mas restringem o acesso aos telefones a determinados espaços e horários.
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O MEC argumenta que a proibição dos celulares em salas de aula vai ao encontro com o resultado de estudos internacionais sobre o tema. As pesquisas citadas apontam que os aparelhos causam distrações nos alunos, interferindo no aprendizado.
Vários países ao redor do mundo implementaram restrições ao uso de celulares nas escolas para melhorar a concentração e a interação social dos alunos.
Na França, desde 2018, estudantes até 15 anos não podem usar celulares, tablets ou relógios conectados nas escolas, inclusive durante o recreio. A Espanha adotou medidas semelhantes, proibindo o uso de celulares em sala de aula. Na Grécia, os alunos podem levar celulares para a escola, mas devem mantê-los guardados durante as aulas. O México também implementou restrições ao uso de celulares nas escolas. Finlândia e Holanda têm políticas para limitar o uso de celulares em ambientes escolares. Nos Estados Unidos, algumas escolas adotaram políticas de restrição ao uso de celulares, variando de acordo com o estado. Essas medidas visam minimizar as distrações e promover um ambiente de aprendizado mais focado e interativo.
Desafios e o papel da escola
A pandemia de COVID-19 intensificou o problema, uma vez que muitos pais recorreram às telas para entreter e educar seus filhos durante o isolamento social.
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“A pandemia deu um poder a mais para a tela. O problema já existia, mas havia um controle maior sobre tempo, espaço e conteúdo”, explicou Rampazzo.
Para reverter esse quadro, a escola terá um papel decisivo. “A socialização é a forma mais eficiente para tirar o estudante da tela. É na escola que ele passa boa parte do seu tempo, e lá ele tem a oportunidade de se relacionar com outras pessoas, com livros de verdade e com atividades diversas de cultura, lazer e esporte”, argumentou a orientadora educacional Margareth Nogueira.
Expectativas para o futuro
A proposta de restrição ao uso de celulares nas escolas é vista como um passo importante para melhorar o ambiente educacional e promover um desenvolvimento mais saudável para os estudantes.
“Pensar a educação como algo integral que vai além de repassar conteúdos, atuando também no campo cognitivo e desenvolvendo todos os aspectos da vida, é fundamental”, concluiu Rampazzo.
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A medida ainda está em fase de discussão, mas a expectativa é que, se aprovada, possa trazer benefícios significativos para a educação no país.