Na corporação há 25 anos, subtenente trabalha com treinamento de militares. Ele era atendido em clínica quando dois homens invadiram local;
Não tive outra opção, a não ser atirar”, conta o policial militar que evitou um assalto a uma clínica odontológica em Ceilândia, no Distrito Federal, na quinta-feira (11). As imagens dele, que estava na cadeira do dentista quando dois homens invadiram o local e renderam funcionários e pacientes viralizaram.
O subtenente, que prefere não dizer o nome, tem 46 anos de idade e está há 25 anos na PMDF. Atualmente, trabalha com a formação de militares e defende que “o uso da força policial deve ser de acordo com cada situação”.
“A experiência me deu tranquilidade para evitar uma tragédia”, disse.
O policial deu um único tiro, no braço de um assaltante armado com uma faca, quando o suspeito tentou atingí-lo, no corredor da clínica, como mostram as imagens da câmera de segurança.
Ao ser ferido, o assaltante se rendeu. Antes, dentro do consultório, o policial já havia dominado o outro assaltante, também armado com uma faca de açougueiro.
“A reação se deu porque, se ele toma minha arma, poderia haver uma tragédia muito maior. A minha vida estava em risco, e a das outras pessoas também”, diz o subtenente da PMDF.
O subtenente conta que, na manhã de quinta-feira estava de folga no trabalho e conseguiu um “encaixe” na clínica odontológica, para um atendimento de emergência. Ele havia quebrado um dente.
Às 9h30, ele foi ao endereço. Pouco depois das 10h – deitado na cadeira da dentista e com cerca de 80% do procedimento concluído – o policial lembra que ouviu vozes “que não condiziam ao ambiente de uma clínica odontológica”.
“Muito barulho, choro, gritaria”, diz o PM.
Mas ele confessa que ainda não tinha tido noção de que se tratava de um assalto. A dentista, que está grávida, foi quem percebeu primeiro. “Eu só entendi quando ouvi: passa o celular, passa o celular”.
A essa altura, os assaltantes já levavam os pacientes e funcionários para dentro do consultório em que o PM era atendido. Um dos homens mandou ele sair da cadeira e deitar no chão.
Ao deitar, o policial conta que, discretamente, começou a pegar a arma que carregava. No entanto, quando o assaltante se aproximou para revistá-lo e para pegar celular e relógio, viu a arma.
“Você é polícia, você é polícia”, gritou o assaltante, armado com uma faca de açougueiro.
Neste momento, os dois entraram em luta corporal. O policial, treinado e com experiência, sentiu-se em vantagem e disse ao assaltante que ia atirar – foi quando o rapaz, de 19 anos, se rendeu.
Como o PM não tinha algemas, decidiu usar técnicas que desmotivassem qualquer reação violenta do suspeito.
“Conversei calmamente perguntei nome, idade, onde morava, tudo para não dar tempo dele reagir”, conta o subtenente.
Depois de controlada a situação, o policial saiu da sala para fazer o que chamou de “verificar o perímetro”, ou seja, ver o restante do local, saber se há alguém ferido, ou outros riscos.
“Pra mim só havia um indivíduo, mas ao sair pela porta do consultório havia um segundo homem que veio me atacar com outra faca”, diz o PM. Foi nesse momento que o policial usou a arma para atirar no braço do jovem e fazer com que ele soltasse a faca.
“Não tinha algemas, mas a situação estava controlada dentro dos limites legais. Em momento nenhum houve força desnecessária”, aponta.
O policial, então, pediu que um funcionário da clínica ligasse para o Corpo de Bombeiros e a PM. Enquanto isso, ele seguiu as técnicas que também usa com na formação de alunos: ficou observando os suspeitos, não deu as costas e continuou conversando com a dupla, calmamente.
Segundo o subtenente, os dois jovens, ambos com 19 anos, não esboçaram nenhuma reação até a chegada do reforço. O assaltante ferido foi levado para o hospital, e o outro para a delegacia.
Já o PM, voltou para a cadeira da dentista para terminar o procedimento no dente. Com sensação de dever cumprido, o policial diz que lembrou do juramento que fez, no início da carreira: “Se for preciso, doar minha própria vida”.
Via: G1