Por Simone Nascimento
Isso que temos nas mãos parece um livro: é muito mais! Canuto o escreveu do jeitinho que Paulo Apóstolo queria: “não com tábuas e tinta, mas com sangue, no coração”.
Assim se designa na contracapa do livro “Resistência e luta conquistam território no Araguaia mato-grossense” de Antônio Canuto, primeiro padre a vir servir na região do Araguaia, mais propriamente em Vila Rica-MT. O livro faz um resgate histórico de como se deu a ocupação territorial dessa região onde a igreja da Prelazia de São Félix do Araguaia atua, pelo prisma dele próprio e de moradores daquela época.
Nesta terça-feira, dia 29 de outubro, aconteceu a cerimônia de lançamento da obra no município de Vila Rica, no auditório da UNEMAT, as 20 horas. Porém Canuto já está na região, lançando esse obra em várias cidades carregada de vivências e traduzindo o trajeto percorrido por muitos dos quais construíram a história deste município, assim como de toda a região do Araguaia.
Segundo o autor, o livro abrange não apenas a região do Araguaia uma vez que inclui a Ilha do Bananal-TO e o município de Querência e Canarana, pois fazem parte do território de atuação da Prelazia de São Félix do Araguaia.
Na cerimônia de lançamento haviam muitos pioneiros e além destes, jovens e estudantes de diversas áreas do conhecimento. Entretanto, apesar da diversidade etnocultural e de faixa etária, todos puderam reviver trechos da história, ouvir relatos de várias pessoas que tiveram a oportunidade de se expressar, como se deu a ocupação e formação do município de Vila Rica, a qual Canuto acompanhou e interagiu, sendo resistência e amparo aos que necessitavam
Antônio Canuto, ou simplesmente Canuto chegou ao Araguaia em 1971, como padre, incorporado à equipe pastoral da Prelazia de São Félix do Araguaia, coordenada por Dom Pedro Casaldáliga. Eram tempos duros e severos da repressão por parte da ditadura militar. Logo em 1972, Canuto substituiu o padre Francisco Jentel, em Santa Terezinha, procurado, processado e condenado por crime contra Segurança Nacional e, por fim, expulso do Brasil, acusado de ser o responsável pela reação dos posseiros diante da violência da grande empresa CODEARA, do grupo BCN – Banco de Crédito Nacional.
Foi colunista por 12 anos, do Jornal Alvorada, responsável pela edição da sessão “Retalhos de nossa história”, onde trazia histórias diversas da ocupação dessa região. Em 1997, se mudou para Goiânia (GO) para contribuir com a Secretaria Nacional da Comissão Pastoral da Terra. Atuou como coordenador nacional e secretário da Coordenação Nacional.
O livro fruto de muitas pesquisas vai além disso, pois e o próprio relato pois viveu na região durante 26 anos, metade deste tempo em Santa Terezinha. Canuto acompanhou também colonos que chegavam de longe, trazidos pelas colonizadoras.
Canuto segue uma agenda de apresentação de sua obra na região. Dia 25, sexta-feira, esteve em Santa Terezinha, nesta terça-feira, 29, em Vila Rica, dia 01 de novembro, as 16 horas estará no IFMT de Confresa. Dia 06, quarta-feira, estará em Canabrava do Norte, dia 08, quinta-feira será a vez de Porto Alegre do Norte. No dia 09, sábado, estará em Santa Cruz do Xingú. No outro sábado, dia 16, estará em São Felix do Araguaia. E por fim, no dia 18, segunda-feira, estará falando aos acadêmicos da UNEMAT em Luciara. Mas já esteve em Brasília e em Cuiabá antes de vir para a região do Araguaia.
Segundo o próprio autor, o livro desnuda os verdadeiros objetivos de quem foi para a Amazônia com o discurso de levar o desenvolvimento e o progresso para a região.
Vale a pena a leitura! É um texto envolvente, de forma simples e de fácil compreensão. Um pouco de história para compreender porque as coisas são como são agora e a antropologia desses povos que formaram os municípios desse nosso Araguaia.
